Em busca do sonho de ser mãe
A dramática luta
da enfermeira Geane
Para Geane Santana Silva Coelha, 30 anos, ser mãe era seu principal objetivo de vida. Técnica de enfermagem da Maternidade São Cristóvão, na Mooca, trabalha cuidando de bebês recém-nascidos e orientando pais e mães de primeira viagem. Fazer parte de um momento tão importante na vida de outras famílias alimentava ainda mais seu próprio sonho em ter um bebê nos braços e viver uma nova etapa de vida ao lado de seu marido.
O primeiro teste de gravidez positivo chegou como uma surpresa. A felicidade, entretanto, teve curta duração. Geane teve um aborto espontâneo. Após algum tempo, engravidou novamente. Agora, passou a se cuidar e a imaginar como seria a vida a três. Com seis semanas e quatro dias da segunda gestação, teve um segundo aborto e o sonho, mais uma vez, acabou.
Desconsolada, passou a investigar o que havia de errado com ela. Depois de uma bateria de exames, descobriu que era portadora de trombofilia, uma condição em que o sangue tem maior propensão em coagular, dificultando a chegada do sangue na placenta e prejudicando o desenvolvimento fetal.
O ginecologista e obstetra, Fábio Muniz, pediu um exame conhecido como “Prova Cruzada”, que consiste em cruzar o sangue de Geane e do marido para detectar incompatibilidades. O resultado contribuiu para deixar a técnica de enfermagem ainda mais desanimada em relação ao futuro.“Quando eu engravidava, meu corpo reconhecia o feto como um agressor e o expulsava”, explicou a moça.
Com o diagnóstico em mãos, o médico indicou uma vacina conhecida como “vacina do marido”, um método desenvolvido para que o organismo da mãe reconheça e se adapte às proteínas do organismo do pai, o que faria com que o feto não fosse expulso e o bebê conseguisse nascer.
Como a vacina estava impedida pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o médico sugeriu que ela tomasse injeções anticoagulantes na barriga durante todos os dias da gravidez. Depois de um mês de tratamento, o casal foi liberado para engravidar. Geane conseguiu o seu terceiro resultado positivo rapidamente.
As injeções na barriga eram aplicadas todos os dias e a esperança dos dois foi crescendo no mesmo ritmo em que o ventre dela se tornava aparente. Logo, Geane atingiu o estágio de complementar o tratamento com a medicação. Em meio às contrações, cuidados especiais, monitoramento diário do bebê e o afastamento precoce de suas funções, os medos foram desaparecendo e o milagre aconteceu. O pequeno Gustavo nasceu com 2.800 quilos, forte e saudável.
Enquanto conta sua história, Geane deixa escorrer lágrimas de emoção e gratidão de poder, finalmente, realizar o seu sonho de ser mãe. “Não tem como descrever. É um amor tão grande, que não cabe dentro de mim.”