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Arsenal da Esperança abre as portas para quem sonha voltar a viver
Uma enorme fila chama a atenção de quem passa pela rua Doutor Almeida Lima, na altura do número 900, no fim da tarde, junto à antiga Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca. Um olhar mais atento vai notar que são moradores de rua. Com o cenho franzido, as roupas surradas, eles aguardam a abertura do Arsenal da Esperança.
A instituição acolhe – diariamente – 1.200 homens (150 africanos) “em situação de rua”, a partir de 18 anos, divididos em dois grupos: aqueles que chegam pela primeira vez e vão só passar a noite e aqueles que já frequentam
a casa e permanecem por um período máximo de nove meses. Cada morador tem direito a um armário, banho, alimentação e cama para dormir. Além disso, tem a oportunidade de frequentar cursos profissionalizantes, alfabetização, e usufruir de diversos serviços: lavanderia, ambulatório médico (mantido pelo Hospital São Cristóvão), dentista, acompanhamento psicológico e apoio para tirar documentos, entre outros. Também podem
frequentar a biblioteca e jogar futebol.
Da mesma forma, precisa seguir regras simples de convivência. Por exemplo: obedecer aos horários, não beber, não usar drogas e muito menos arrumar briga ou confusão. Também são informados que a casa tem uma moeda própria (ARS), que eles ganham fazendo pequenos serviços ou trocando por latinhas de alumínio para reciclagem. “É uma forma de passar responsabilidade e integrá-los na sociedade” explica Giancarlo Mellino, presidente da instituição administrada há 20 anos pelo Sermig (Servizio Missionário Giovani), congregação católica fundada em Turim, na Itália.
O Arsenal da Esperança ocupa uma área de 20 mil m2, vizinho da Universidade Anhembi-Morumbi, e conta com 126 funcionários mantidos por meio de um convênio com a Prefeitura de São Paulo. Além disso, tem apoio do Rotary Club São Paulo Mooca, empresas da região e de voluntários. Também possui um megabazar aberto sempre no segundo sábado de cada mês e promove eventos culturais como o musical “Arsenal – as armas da paz”, com Ziza Fernandes e alunos da Oficina Viva Produções. Para a campanha do Natal, está recolhendo doações para montar um
kit de produtos de higiene (sabonete, escova de dente, desodorante, etc.) para sua clientela.
Do inferno à vida
Thiago Barbosa dos Santos, paulista, 30 anos, caiu na bebida e nas drogas. Bateu no fundo do poço: perdeu emprego. Perdeu família. Perdeu a dignidade e vontade de viver. Passou a perambular pelos guetos da cidade e morar na rua. Seu destino mudou quando conheceu, há um ano, o Arsenal da Esperança.
De lá para cá, a vida dele mudou completamente. Abandonou os vícios e passou a frequentar a casa todos os dias.
Fez três cursos no SENAI. Seu comportamento chamou a atenção e foi contratado para trabalhar no setor de manutenção hidráulica da própria instituição. Saiu das ruas e agora mora em uma casa com outros colegas no Carrão.
“Eu sai do inferno e voltei a viver graças ao apoio que recebi aqui. Voltei a trabalhar e ganhar o dinheiro para meu
sustento. Agora, meu sonho é montar novamente meu lar e ajudar as pessoas”, frisou Thiago com emoção e os olhos
marejados ao lembrar, com saudade, da filha Tiffany, de seis anos. Tímido, só abre um leve sorriso quando se aproxima de uma roseira, nos jardins da casa. “Às vezes, peço pra levar daqui uma rosa para namorada”, concluiu.
Serviço
Arsenal da Esperança
http://arsenalesperanca.blogspot.com.br
Megabazar: 2º sábado de cada mês (9 às 15 horas)