Ruy Ohtake: da Mooca para o mundo

Por que o famoso arquiteto brasileiro Ruy Ohtake está na capa da edição número 20 da Revista Bella Mooca? Muita gente deve ter feito essa pergunta. A resposta é simples: Ruy Ohtake nasceu e viveu durante muitos anos na Mooca. Tudo começou quando sua mãe, Tomie, saiu do Japão e veio visitar um irmão que morava na Mooca. Aqui, ela se casou com o engenheiro agrônomo japonês Ushio Ohtake e teve dois filhos, Ruy e Ricardo. E ficou.
Arquiteto conhecido mundialmente por seus projetos onde se destacam as curvas e as cores vibrantes, Ruy Ohtake, de 82 anos, contou tudo isso antes de sua palestra no 1º Seminário de Soluções Sustentáveis e Arquitetônicas em Esquadrias de PVC, promovido pelo Clube do PVC, no Complexo Ohtake Cultural, em Pinheiros, zona Oeste de São Paulo. Na ocasião, lembrou que morou na antiga Rua da Paz (atual Rua do Lirismo), estudou no Instituto Salesiano Dom Bosco (na Rua Dom Bosco) e depois no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, no Parque Dom Pedro.
“Naquela época, japonês era coisa rara na Mooca. Tinha mais italianos e espanhóis”, recordou Ruy, com bom humor. Também fez questão de dizer que frequentou a Festa de San Gennaro e aprendeu a comer pizza e churros (do Seo Toninho, na Rua Ana Nery), na Mooca.
Sua mãe sempre gostou de artes plásticas e tinha um ateliê na própria sala de casa. Influenciado por ela, Ruy formou-se em arquitetura e urbanismo (1960) na Universidade de São Paulo. Nessa época, o arquiteto Vilanova Artigas tornou-se um de seus mestres, “com ele conheci o ofício da arquitetura,” comentou.
Amigo também do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, Ruy contou que certa vez foi ao Rio de Janeiro especialmente para cumprimentá-lo no seu aniversário:
— Que legal Dr. Oscar, você passou dos 100 anos! – comentou.
— Legal nada. A velhice é uma merda! – lembrou a resposta do amigo falecido com 104 anos em dezembro de 2012, e arrancou gargalhadas da plateia no início de sua palestra.

 

 

 

 

 

 

As Obras

Ruy Ohtake, arquiteto de traços curvilíneos impactantes, tem em seu currículo mais de 300 obras construídas no Brasil e no exterior e diversos prêmios. Os projetos mesclam a pesquisa tecnológica com original plasticidade. Seu desafio é criar coisas bonitas e inovadoras. Em seu portifólio, constam hotéis, cinemas, teatros, edifícios corporativos, obras públicas e residências. Como exemplo, temos o famoso Hotel Unique, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, um arco invertido que parece suspenso no ar, revestido por placas de cobre e aberturas circulares, sustentado nas extremidades por enormes empenas de concreto. Destaques também para o Aquário do Pantanal, em Campo Grande (MS), uma grande cápsula metálica, que agrega um conjunto de aquários com um jardim central aberto, dedicado à biodiversidade do Pantanal mato-grossense; o Edifício do Instituto Tomie Ohtake, que chama a atenção pelas curvas e cores vibrantes; e o Conjunto Habitacional na comunidade de Heliópolis, conhecido como Redondinhos. “É emocionante ouvir as famílias dizendo que nunca imaginaram que um dia morariam em um lugar assim”, diz, orgulhoso.
Ruy Ohtake foi premiado com o “Colar de Ouro”, a maior condecoração emitida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, também recebeu a Medalha de Anchieta e o Diploma de Gratidão pela Câmara Municipal de São Paulo. Seu reconhecimento internacional levou-o a fazer parte, juntamente com os arquitetos Jean Nouvel (França) e Tadao Ando (Japão), do seleto grupo de arquitetos convidados para o 20º Congresso da União Internacional dos Arquitetos, realizado em Pequim, na China.