Comédia musical Forever Young embala plateia ao som do bom e velho rock and roll
Para aqueles que já têm mais de 30 anos, o nome dessa comédia musical soa familiar. Não podia ser diferente: a música Forever Young, lançada em 1984 pela banda Alphaville, foi um hit em seu tempo.
É nesse clima que Forever Young se apresenta: um teatro reformado, que hoje se tornou asilo, e que serve de palco para que a história de seis idosos, com mais de 85 anos, seja contada embalada nos clássicos de rock and roll que levam a plateia ao delírio. Sob a supervisão de uma enfermeira controladora, os velhinhos se esquivam para assumirem suas verdadeiras personalidades.
Paula Capovilla, veterana do teatro musical brasileiro, nos concedeu uma entrevista para contar um pouco sobre essa experiência como a idosa desbocada e rabugenta Paula.
A velhice retratada na peça remete aos jovens das décadas de 1960/1970. Hoje, as gerações são marcadas pela internet e pela popularidade dos eletrônicos. Como você vê essas gerações chegando na velhice? Serão velhinhos mais “rabugentos”?
É difícil prever como será o futuro da “geração internet” mas acredito que serão velhinhos mais sozinhos. Os eletrônicos nos isolam do mundo. Cada dia que passa estamos nos distanciando da convivência “cara a cara”, do contato direto com a família e os amigos. Se não ficarmos atentos seremos velhinhos rodeados de solidão.
Você acredita que o fato de os velhinhos driblarem a marcação cerrada da enfermeira para poderem expressar suas personalidades significa que a sociedade não enxerga o idoso enquanto um indivíduo, mas tem uma opinião formada do que um idoso deve ser ou de como deve se comportar?
Isso é fato. A sociedade não está preparada para abraçar os idosos. Há uma grande falta de conhecimento sobre como lidar com as mudanças físicas e psicológicas que acontecem neste período. As cidades não estão estruturadas para suprirem as necessidades deles. A maioria de nós não sabe como lidar com o temperamento dessas pessoas que já viveram tanto, têm o corpo cansado mas muitas vezes uma cabeça ainda acelerada e uma vontade de viver mais 100 anos.
Há alguma semelhança entra a Paula residente do asilo e a Paula Capovilla?
Muitas pessoas me perguntam isso. Graças a Deus sou bem diferente “dela”. Procuro levar a vida de uma maneira leve tentando apenas guardar as coisas boas. Não digo que seja fácil, mas me sinto muito mais leve quando consigo. Palavrões e “rabugices” estão bem distantes de mim.
Como a mistura de clássicos do rock and roll e do pop da época em que os velhinhos eram jovens é recebida pelo público?
As pessoas enlouquecem! Como são clássicos, quase todos conhecem. Todas as noites o público canta com a gente. É maravilhoso ver como eles se envolvem com as canções e com a história. Há muita identificação por parte da plateia.
Serviço:
Forever Young
Teatro Arthur Azevedo
Av. Paes de Barros, 955 – Mooca
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia)
Sextas e sábados às 21h e domingos às 19h